Pesquisadores revelam a existência de 5 tipos diferentes de insônia
As novas descobertas abrem caminhos para a criação de tratamentos personalizados contra o problema
Por Redação - Atualizado em 18 jan 2019, 17h08 - Publicado em 18 jan 2019, 16h42
A falta de sono pode ser um problema crônico que necessita de tratamento. Todo mundo já passou uma noite em claro pelo menos uma vez na vida. No entanto, para algumas pessoas a constante falta de sono pode ser um problema crônico que necessita de tratamento. Ainda assim, em alguns casos, as abordagens tradicionais não exercem qualquer efeito. Felizmente, essa realidade pode mudar em breve. Isso porque um estudo publicado na revista The Lancet Psychiatry revelou que existem cinco tipos diferentes de insônia; a descoberta pode revelar caminhos para a criação de tratamentos personalizados que consideram as reais necessidades do paciente.
“Embora sempre tenhamos considerado a insônia uma desordem, na verdade [o problema] representa cinco distúrbios diferentes”, escreveu Tessa Blanken, do Netherlands Institute for Neuroscience, na Holanda, em relatório. Segundo os pesquisadores, os tipos de insônia podem ser classificados como: muito angustiado (tipo 1), moderadamente angustiado, mas sensível à recompensa (tipo 2), moderadamente angustiado e insensível a recompensas (tipo 3), pouco angustiado com alta reatividade (tipo 4) e ligeiramente angustiado com baixa reatividade (tipo 5). A classificação foi feita com base nos traços de personalidade, risco de depressão, atividade cerebral e resposta ao tratamento.
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O Estudo
Para chegar a essa conclusão, os cientistas analisaram as respostas de cerca de 34 questionários distintos preenchidos por 4.322 pessoas através do Registro do Sono da Holanda. Os formulários mediam os traços de personalidade associados às diferenças na função e estrutura cerebral. A equipe definiu os tipos de insônia de acordo com os sintomas apresentados pelos participantes. ( de insônia primária a uma insonia crônica )
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Tipo 1: indivíduos dentro deste espectro tendem a ter altos níveis de stress (altos níveis de emoções negativas, como ansiedade e preocupação) e baixos níveis de felicidade;
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Tipo 2: essa modalidade de insônia é caracterizado por níveis moderados de sofrimento, mas níveis de felicidade e emoções prazerosas relativamente normais;
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Tipo 3: pessoas nesta classificação apresentam níveis moderados de sofrimento e baixos níveis de felicidade e de experiências prazerosas;
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Tipo 4: nesta categoria, os pacientes têm baixos níveis de sofrimento, mas tendem a conviver com a insônia de longa duração como resultado de um evento de vida estressante;
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Tipo 5: pessoas com esse tipo de insônia vivenciam baixos níveis de estresse e o sono não é afetado por eventos estressantes da vida.
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Para confirmar os achados, foi realizado uma segunda fase com 251 participantes. Cinco anos depois, a equipe reavaliou 215 voluntários da primeira amostra: os resultados mostraram que eles haviam se mantido no mesmo espectro ao longo dos anos, o que, para os pesquisadores, indica “uma alta estabilidade de classificação”.
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Novos tratamentos
Os cientistas ainda descobriram que pessoas com diferentes subtipos de insônia diferem em termos de resposta ao tratamento. Os participantes com os tipos 2 e 4, por exemplo, apresentaram melhora nos sintomas quando medicados com benzodiazepínico – comumente usado para o tratamento de insônia e ansiedade; já os indivíduos com o tipo 3 não responderam bem ao tratamento medicamentoso.
A equipe ainda revelou que o tipo 2 também responde bem à terapia cognitivo-comportamental (TCC) – uma forma de psicoterapia -; o mesmo não foi notado em pessoas com o subtipo 4. Outra descoberta importante mostrou que os pacientes dentro do espectro 1 estão mais propensos a desenvolver depressão ao longo da vida. Diante dessas revelações, os pesquisadores acreditam que seja possível desenvolver novas formas de tratamento para cada subtipo de insônia; eles também esperam descobrir maneiras de prevenir a depressão nos grupos com maior risco.
Em editorial, Tsuyoshi Kitajima, da Fujita Health University, no Japão, explicou que a nova classificação oferece algumas semelhanças com as categorias utilizadas no passado, como no caso de indivíduos com o subtipos 1 e 2, que tendem a desenvolver sintomas já na infância ou na adolescência. Os sintomas descritos pelo novo estudo foram observados na insônia idiopática, categoria na qual as pessoas desenvolvem a condição precocemente na vida sem uma causa identificável – no entanto, esse tipo de insônia não faz mais parte do manual de diagnóstico conhecido como Classificação Internacional de Distúrbios do Sono (3ª edição).
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Apesar disso, Kitajima acredita que esses subtipos podem não ser adotado nos consultórios já que foram baseados em fatores que não estão diretamente ligados ao sono. Por isso, ele sugere que novos estudos sejam feitos com participantes já diagnosticados com insônia.
https://veja.abril.com.br/saude/pesquisadores-revelam-a-existencia-de-5-tipos-diferentes-de-insonia/